Pais e mães migrantes buscam trabalho e estabilidade no Paraná: 'Você pensa primeiro nos seus filhos'

  • 29/10/2025
(Foto: Reprodução)
Pais e mães migrantes buscam trabalho e estabilidade no Paraná Em busca de estabilidade para os filhos, milhares de pais e mães migrantes trabalham ou procuram emprego no Paraná. Para quem chegou há pouco tempo ao estado, o processo é um recomeço. "Realmente é muito difícil migrar, a gente deixa para trás nosso país, nossa família, eu deixei meus pais e minhas irmãs. Mas quando você tem filhos, você pensa primeiro nos seus filhos. Pensamos que lá as coisas estavam muito difíceis, por isso, decidimos migrar", afirma a cubana Annelys Yanet Zayas Pérez, que vive em Curitiba. Ela é mãe de uma menina e está grávida da segunda filha. Dar um futuro melhor para as filhas estava entre as prioridades de Annelys Yanet Zayas Pérez, quando decidiu migrar Maycon Hoffmann/RPC O Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra) estima que há 75.733 trabalhadores migrantes no mercado de trabalho formal do Paraná. Segundo a Receita Federal, outros 12.132 são registrados como Microempreendedores Individuais (MEIs). Yovannys Serrano Fouz é natural de Cuba e veio a Curitiba acompanhado da esposa e dos dois filhos, de 1 e 9 anos, "com malas cheias de sonhos e projetos. E, sobretudo, para construir um futuro melhor para os filhos", afirma. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp Ele conta que começou a trabalhar pouco tempo depois de chegar ao país. O primeiro emprego foi em um supermercado. Em seguida, conseguiu um trabalho como mecânico de refrigeração e climatização, área na qual é graduado. "Às vezes, trabalhando, eu me sinto cansado, mas [vale a pena] quando sei que o fruto do meu trabalho é o sorriso do meu filho, porque comprei determinados doces, bolachas e coisas que ele gosta, ou o levei a um lugar maravilhoso, para conhecer, passear...", afirma. ▶️ Este texto faz parte da série "Infâncias em Travessia". Com foco na primeira infância e nos impactos das políticas públicas sobre famílias migrantes, os textos discutem e mapeiam os caminhos físicos, emocionais e sociais que crianças migrantes e refugiadas percorrem na chegada ao Paraná. Acesse aqui todos os textos da série. Busca por trabalho define raízes Yovannys com os dois filhos Maycon Hoffmann/RPC Desde abril de 2018, pelo menos 28.951 migrantes atravessaram a fronteira entre Venezuela e Brasil com destino ao Paraná, segundo dados da Operação Acolhida do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Somam-se a eles outros migrantes e refugiados que chegaram ao estado por outros caminhos. E o trabalho é um dos principais critérios que levam os migrantes e refugiados a definirem em que lugar vão se fixar e chamar de casa. Márcia Ponce, Secretária Regional da Cáritas Paraná, detalha que a busca por emprego é o que tem trazido os migrantes para a região. "Dentro dessa perspectiva de recomeço de vida, de se integrar a uma nova comunidade, a um novo país, o sul do Brasil tem sido destino da população migrante e refugiada. Essa imagem que se vende, de um estado com pleno emprego, com qualidade de vida, com uma condição de permanência", explica. Nos primeiros nove meses de 2025, a Cáritas da Arquidiocese de Curitiba atendeu 11.116 migrantes e refugiados. Segundo Maria Fernanda Pedroso, coordenadora da instituição, as principais demandas que chegam até eles estão relacionadas a documentação e emprego. "Dentro dos nossos identificadores, o segundo principal pedido é trabalho. Isso nos dá certeza de que essa pessoa quer ficar. Porque, por meio de um contrato de trabalho, ele consegue um contrato de aluguel e aí ele consegue ter uma perspectiva de vida", detalha. Ela observa que esse cenário revela que o perfil majoritário de migração em Curitiba está voltado à fixação na cidade. Ou seja, ao contrário de outras cidades do país que se tornam "locais de passagem", a capital é vista como um local para firmar novas raízes e recebe estrangeiros com intenção de permanecer. O trabalho é um dos motivos que ajuda os migrantes e refugiados definirem em que lugar vão se fixar e definir como casa Agência Brasil Segundo Amália Tortato, Secretária de Desenvolvimento Humano na Prefeitura de Curitiba, os migrantes chegam ao Brasil com interesse e disposição para trabalhar, em especial por terem vindo de países onde a oferta de trabalho é escassa e as condições econômicas são ruins. "Eles estão saindo dessa realidade. Quando eles chegam aqui no Brasil, eles chegam buscando liberdade e também liberdade econômica. Isso significa que a pessoa chega aqui querendo trabalhar. Eles não querem ficar dependentes de programas de governo, de assistencialismo", explica Tortato. Motivada pela vontade de um recomeço com novas oportunidades, a venezuelana Vanessa Balzan chegou no Paraná em 2023, junto com os três filhos Julio Barrios/RPC Motivada pela vontade de um recomeço com novas oportunidades, a venezuelana Vanessa Balzan chegou no Paraná em 2023, junto com os três filhos. Em Curitiba, participou de um mutirão de empregos, no qual conseguiu uma oportunidade como recepcionista no Centro de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná (CEIM), da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania. Um ano e meio depois, foi promovida, e hoje trabalha na área administrativa do órgão. "Eu me interessei pela parte de documentação dos migrantes, porque eu também sou migrante e também queria ajudá-los. Ainda mais que aqui [na secretaria] todos falam português e eu sempre os ajudava traduzindo. Assim passei para a área administrativa", afirma. Brasil ainda não aproveita mão de obra especializada de migrantes Yovannys e a esposa Karina, que são de Cuba e migraram para Curitiba Maycon Hoffmann/RPC Apesar das iniciativas de inclusão, o Brasil ainda falha em aproveitar o potencial dos migrantes e refugiados no mercado de trabalho. Na maioria das vezes, aqueles que têm formação especializada acabam trabalhando em outras áreas. A falta de reconhecimento dos diplomas, barreiras linguísticas e ausência de políticas públicas que facilitem a inserção de mão de obra qualificada são os principais obstáculos. Karina Rodriguez Hidalgo, esposa de Yovannys, era advogada em Cuba. Hoje trabalha em uma fábrica em Curitiba. Mesmo diante da mudança de profissão, ela afirma se sentir mais confortável no Brasil do que exercendo a advocacia no país de origem. Para ela, o Brasil também perde quando não aproveita as qualificações profissionais de quem migra para o país. "Somos pessoas que estudamos, pessoas preparadas, mas sentimos a necessidade de trabalhar com qualquer coisa para dar alimento para nossa família. É uma lástima que o país perca profissionais. Sugerimos isso também como migrantes, porque o país pode aproveitar essa intelectualidade para crescer aqui. Isso acrescentaria muito para a saúde pública, para a educação...", diz Karina, que é mãe de dois meninos. No Paraná, entre 2016 e 2024, 597 migrantes se inscreveram para passar pelo processo de revalidação de diplomas. Desses, 153 conseguiram, segundo a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Quando se trata de mães migrantes no mercado de trabalho, se somam outros obstáculos – conhecidos pelas das mulheres brasileiras, mas agravados pela falta de uma rede de apoio, como destaca Márcia Ponce. "Uma mulher já sofre naturalmente, por ter filho pequeno, por precisar acompanhar um filho ao médico e precisar de um atestado... Então, elas [migrantes] perdem os seus postos de trabalho muito mais rápido do que outras mulheres", detalha. Trabalho como ferramenta de um sonho possível Yovannys e Karina veem no trabalho a possibilidade de um futuro melhor para os filhos Maycon Hoffmann/RPC É no trabalho também que Yovannys e Karina observam o sonho de um futuro possível para os dois filhos. Ambos esperam que, quando crescerem, os filhos tenham boas oportunidades no mercado de trabalho, dentro das profissões que escolherem. "No futuro, o que espero é que meus filhos cresçam e que façam suas carreiras. Que sejam homens de bem para trabalhar e contribuir para esta sociedade maravilhosa que nos abriu os braços. Meu sonho é ter, no futuro, nossa casa própria. E muita saúde para poder trabalhar", afirma Yovannys. Esta reportagem recebeu apoio do programa “Early Childhood Reporting Fellowship”, do Global Center for Journalism and Trauma. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná p Leia mais notícias no g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2025/10/29/pais-e-maes-migrantes-buscam-trabalho-e-estabilidade-no-parana-voce-pensa-primeiro-nos-seus-filhos.ghtml


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