16 novas vítimas e mais 20 crimes: MP amplia acusações contra guru preso por violência sexual no Paraná
01/07/2025
(Foto: Reprodução) Ministério Público aponta ainda que os crimes também foram cometidos contra vítimas com menos de 14 anos. g1 não identificou a defesa do guru Uberto Gama. Guru Uberto Gama, preso por suspeita de violência sexual
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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentou uma nova denúncia contra o guru Uberto Gama, preso por suspeita de violência sexual, depois de identificar 20 novos crimes sexuais cometidos por ele. O processo tramita sob sigilo.
Segundo o MPPR, a nova denúncia aponta que os crimes foram cometidos contra 16 vítimas, sendo alguns deles estupro de vulnerável, praticado contra vítimas com menos de 14 anos na época dos fatos.
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A nova denúncia foi apresentada após novas vítimas procurarem o Ministério Público depois que ele foi preso, em abril. Uberto permanece preso.
Conforme o órgão, o homem, de 63 anos, usava a posição de "líder espiritual" para manipular as vítimas e praticar uma série de crimes sexuais, que aconteciam especialmente em uma chácara de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba.
Violência e tortura
De acordo com a investigação, os novos crimes denunciados aconteceram entre 2005 e 2024, tanto na chácara quanto em uma clínica localizada na capital paranaense, onde o guru atuava como psicanalista.
Segundo o MP, o novo documento denunciou Uberto Gama por cometer:
12 vezes violação sexual mediante fraude,
3 vezes violência psicológica contra a mulher,
4 vezes estupro de vulnerável,
1 vez tortura, por submeter alguém sob sua autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental.
Conforme o órgão, os crimes foram cometidos em concurso material e de forma continuada durante anos.
O g1 tenta localizar a defesa de Uberto Gama.
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Investigações
As investigações que levaram à prisão de Uberto Gama começaram depois que cinco vítimas procuraram o MP e denunciaram o homem. Depois que o caso veio a público, outras vítimas procuraram as autoridades e relataram situações semelhantes.
Ele foi preso em abril, em Florianópolis (SC), por violação sexual mediante fraude, que se configura quando não há o emprego de violência física ou grave ameaça, mas como fraude como meio de obtenção do ato sexual.
Segundo o Ministério Público, o homem usava a posição de "líder espiritual" para manipular as vítimas e praticar os crimes.
"Ele incutia nas vítimas a ideia de que ele as estava escolhendo isoladamente, para que ele emprestasse a elas a energia dele como líder, como ser espiritualizado, elevado, que já não tem mais apego às questões carnais, e que ele estava fazendo isso por elas", detalha a promotora Tarcila Santos Teixeira.
De acordo com Teixeira, quando as vítimas questionavam as ações do guru, ele recorria a apelos emocionais, como dificuldade para engravidar, filhos com problemas de saúde, conflitos conjugais, entre outros.
"Quando elas colocavam a mínima dúvida, a mínima indagação, ele as quebrava, porque ele dizia: 'Você duvida. Quem duvida não merece elevação. Você não merece o que eu estou fazendo por você. Você não está pronta para esse crescimento espiritual'. E isso as fragilizava ainda mais, porque daí elas começavam a achar que realmente elas tinham que permitir, porque era aquilo que elas precisavam para vida delas", afirma.
Segundo a promotora, Uberto Gama atuava dessa forma há cerca de 20 anos.
Entre os indicativos da dominação religiosa e pessoal que o guru tinha em relação aos seguidores, a promotora aponta o arranjo de casamentos entre os participantes do clã que liderava.
O MP reforça que outras possíveis vítimas podem fazer denúncias na sede do Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves), na Rua Marechal Hermes, 751, 5º andar.
Também é possível buscar ajuda pelo telefone (41) 3250-4022 ou pelo e-mail: naves.mp@mppr.mp.br
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